Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Canela


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História - HISTÓRICO DO 1º DE MAIO
Sindicato dos Metalúrgicos de Canela e Região

HISTÓRICO DO 1º DE MAIO

(Fonte: Fasubra - http://www.fasubra.com.br)

"Chicago, EUA, amanheceu, no dia 1º de maio de 1886, tensa e com milhares de trabalhadores nas ruas. Os fatos que aconteceriam durante aquele dia marcariam para sempre consciências e corações de todos os trabalhadores do mundo. A amplitude e a repercussão atingiram proporções inimagináveis, culminando, inclusive, em radicais transformações políticas, econômicas, sociais e culturais em sociedades inteiras marcando definitivamente o século 20 e, tomara, o século 21.”

No chão da fábrica
As condições de trabalho, os baixos salários e a exploração do trabalho infantil nas fábricas norte-americanas, em meados do século 19, repetiam o modelo de organização e exploração do trabalho da Europa, sobretudo da Inglaterra, que via na repressão violenta da polícia o único método para conter os protestos e as greves. Diálogo entre patrões e empregados, nem pensar! A jornada de trabalho norte-americana desrespeitava a própria lei sancionada pelo presidente Lindon Johnson, sucessor de Abraham Lincoln (assassinado por um ativista escravocrata). Uma jornada que chegava a mais de 12 horas de trabalho por dia. Como as condições de vida eram péssimas, as crianças, filhos dos operários, eram encaminhadas, ainda aos 7, 8 ou 9 anos de idade, para o trabalho duro e também com jornadas extenuantes. As primeiras organizações operárias passaram, nessa época, a reivindicar dos patrões o respeito à lei, o fim do trabalho infantil e, principalmente, a redução da jornada para oito horas diárias e apenas quatro horas aos domingos. Os patrões, irredutíveis, só aceitavam discutir a reivindicação se os trabalhadores aceitassem uma redução de 50% em seus salários.

Repressão
É inimaginável pensar que havia diálogo entre as partes, como há hoje em dia. O recado dos patrões era dado e a repressão violenta por parte da polícia tratava de dissolver qualquer assembléia ou reunião dos trabalhadores que se seguisse. Como resposta, surge, nos Estados Unidos, em 1885, a Federação dos Grêmios e Sindicatos Operários, organismo criado, principalmente, por trabalhadores anarquistas e socialistas. Sua primeira resolução é organizar e deflagrar uma greve geral em todo o país para o dia 1º de maio de 1886, exatamente um ano depois. Dito e feito: um ano depois, num sábado chuvoso, estoura a greve. Em diversas cidades dos EUA a paralisação transcorre normalmente, inclusive em Chicago. Mas a história iria mudar.

Bombas
Os 350 mil operários das fábricas de Chicago, como previa a Federação dos Grêmios, cruzaram os braços. Os comícios aconteceram normalmente. No dia seguinte, domingo, a polícia entra em choque com os grevistas em uma cidadezinha perto de Chicago. Nove mortos. Na segunda-feira, mais quatro operários em greve são mortos nos conflitos. Em resposta, um dos líderes da greve, o anarquista August Spies, convoca para terça-feira, dia 4 de maio, um grande ato público contra a repressão policial para a Praça do Mercado de Feno, centro de Chicago. Às 16h, quando o último orador, Samuel Fielden, iniciava seu discurso, o chefe de polícia exigiu que ele descesse do palanque. Enquanto discutiam, uma bomba explode no meio da multidão. Um policial morre. A polícia revida e abre fogo. Resultado: 80 operários são assassinados.

Prisões e Mortes
A polícia de Chicago inicia, imediatamente, a caça aos líderes da greve. August Spies, Albert Patsons, Adolph Fisher, George Engel, Luís Lingg, Miguel Schwab, Oscar Neebe e Samuel Fielden são presos. O processo é aberto no dia seguinte, encerrando-se em outubro de 1887. Cinco deles são condenados à morte, os outros três à prisão perpétua. No dia 11 de novembro de 1887, quatro são enforcados, o quinto morre ainda na prisão.

Dia Internacional do Trabalho
Dois anos mais tarde, em 14 de julho de 1889, durante as celebrações do primeiro centenário da Queda da Bastilha, o Congresso Internacional dos Partidos Socialistas, reunido em Paris, França, fundam a Segunda Internacional Socialista e decidem proclamar o 1º de Maio como "Dia Internacional do Trabalho", em homenagem aos mortos de Chicago. A partir daquele ano, em todo 1º de maio haveria manifestações, reuniões e desfiles sob a bandeira da Comuna de Paris em todas as partes do mundo, menos nos EUA que, até hoje, não comemoram. A organização, a consciência de classe e o ideal revolucionário socialista espalharam-se rapidamente. Mas os caminhos e os ideais não são únicos. Surgem divergências de concepção, de prática e teórica sobre as transformações sociais que os trabalhadores tanto queriam. Embora a jornada de 8h diárias fosse regulamentada, finalmente, a Segunda Internacional divide-se ao meio.

As primeiras notícias do ato, no Brasil
Enquanto os operários de Chicago saíam às ruas para reivindicar melhores condições de trabalho, jornada de 8 horas e o fim do trabalho infantil, no Brasil o operariado ainda era quase inexistente. A economia, essencialmente agrícola, mantinha a escravidão e quem mandava no país era dom Pedro 2º. A primeira notícia de greve no país veio dos gráficos cariocas, que paralisaram as oficinas em 1858. Ocorreriam greves ainda entre os ferroviários, em 1863, estivadores em 1877, transportes urbanos, chapeleiros e vidraceiros em 1903. Não se sabe ao certo quando foi realizada a primeira manifestação do 1º de Maio no Brasil. Sabe-se, porém, que em 1891 um livro editado por trabalhadores anarquistas já falava do 1º de Maio. Em seguida, apareceu no Rio de Janeiro o boletim "Um de Maio". Em1894, alguns anarquistas e socialistas foram presos sob alegação de estarem "tramando" a realização do ato, em São Paulo.

Teria sido em Santos?
Alguns historiadores afirmam que o ato do 1º de Maio teria sido realizado, pela primeira vez no país, em 1895, na cidade de Santos, litoral paulista, pelo "Centro Socialista" dos trabalhadores. Na mesma Santos do final do século 19, os trabalhadores da construção civil fundariam, em 1900, a "Sociedade Primeiro de Maio". Em São Paulo, as manifestações ainda estavam bem abaixo das expectativas. Comprovadamente, a primeira grande manifestação ocorreu no Rio de Janeiro, em 1906, organizada pela Confederação Operária Brasileira, COB, primeira experiência de central sindical no país. Contrariando as tendências da época, a COB combatia, veementemente, aqueles que encaravam a data como feriado. As palavras de ordem eram "jornada de 8 horas, melhores condições de trabalho e autonomia sindical". A partir de então, a jovem classe trabalhadora que surgia realizou inúmeras manifestações pelo país e grandes atos do 1º de Maio em 1907, 1909, 1910, 1913 e em 1915.

O movimento se divide
O governo reagia. Utilizava a força policial para dissolver as greves, assembléias e reuniões dos anarco-sindicalistas e socialistas da COB, além das comemorações dos trabalhadores, em especial as do 1º de Maio. Ao mesmo tempo, criava sindicatos confiáveis ao Estado, batizados de "amarelos". Em 1919, acontece o maior de todos os 1º de Maio já realizados até então. Mais de 50 mil trabalhadores reúnem-se na Praça Mauá, centro do Rio de Janeiro, para reivindicar as 8 horas de jornada e exaltar os bolcheviques (que dois anos antes haviam tomado o poder na Rússia czarista), bem como os revolucionários húngaros. Mas a aliança anarco-sindicalista e socialista não demoraria muito. Ao longo dos anos 20, anarquistas e socialistas iriam trocar sérias acusações, a ponto de realizarem separadamente o ato do 1º de Maio. Os anarquistas acusavam o autoritarismo dos socialistas e a presença dos "sindicalistas amarelos" em seus atos. Já os socialistas denunciavam o "sectarismo anarquista".

A era Vargas
Aproveitando-se da divisão entre os trabalhadores e o enfraquecimento da organização que se sucedeu em decorrência, Getúlio Vargas, ao assumir a presidência em 1930, decide realizar os atos do 1º de Maio. Seu bordão, "trabalhadores do Brasil", tornaria famosa as relações entre seu Estado - de clara tendência fascista - e os trabalhadores, delinearia um Estado paternalista de um lado, mas excessivamente repressor de outro. Os atos de 1º de Maio da era Getúlio foram grandiosos, com festas suntuosas, desfiles e discursos intermináveis. O Estado getulista iria, ainda, dizimar os sindicatos que ousassem contestá-lo. Em contrapartida, atrelaria aquilo que restasse dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. O 1º de Maio tornou-se o "Dia do Presidente", data escolhida por Getúlio para divulgar correções no salário mínimo e reformas trabalhistas.

O populismo
Com o fim da ditadura Vargas, em 1945, e a retomada do Estado de Direito, o país pôde respirar um pouco os ares da democracia. A Constituição de 1946 refletiu esse novo tempo. A industrialização e a efervescência política, econômica e cultural que agitaram o país nos anos 50 e no início dos 60, deram contornos decisivos à consolidação da classe trabalhadora brasileira. Os sindicatos, antes assistencialistas ao extremo e completamente atrelados ao Estado, iniciam tímidos vôos independentes. O CGT, Comando Geral dos Trabalhadores, e a Liga Camponesa, têm grande influência, sobretudo no governo populista de João Goulart e em suas reformas de base.

O golpe e a resistência
Mas o golpe de 1964 desferido pelas Forças Armadas, em consonância com grandes empresários, latifundiários e banqueiros, tratou de dizimar o que havia de organizado no movimento sindical. Por mais que os sindicatos fossem atrelados ao Estado e seus dirigentes dóceis ao regime, não sobrou pedra sobre pedra. Somente em 1969, o general Costa e Silva retomou a organização dos sindicatos, evidentemente ao gosto dos militares e sob tutela política dos norte-americanos. No entanto, um ano antes, no 1º de Maio de 1968, sindicalistas e militantes de esquerda encontraram forças e ânimo para expulsar o governador de São Paulo, Abreu Sodré, do palanque montado na Praça da Sé para as comemorações. Em seguida, os militares editariam o Ato Institucional nº 5, que seria analisado como o golpe em cima do golpe. Dez anos iriam se passar sem que o 1º de Maio, idealizado para lembrar a luta pela jornada de 8 horas, melhorias nas condições de trabalho, salários decentes, fim do trabalho infantil, entre outras reivindicações históricas dos trabalhadores e realizado em todo o mundo, fosse comemorado como de direito no Brasil.

Surge um novo sindicalismo
O modelo econômico do regime militar havia se esgotado. A dívida externa aumentava a dependência econômica e as multinacionais pressionavam o regime a realizar a "distensão". A classe trabalhadora volta a se organizar e a ter esperanças com a derrubada dos chamados "pelegos" encastelados nos sindicatos, muitos deles desde 1964. Joaquim dos Santos Andrade, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, era figura emblemática. Em 1978, estoura a greve dos metalúrgicos de Osasco, a primeira desde o início da ditadura, seguida por várias grandes greves no ABC Paulista. Em 1979 as manifestações do 1º de Maio concentram-se no ABC, mas é nas comemorações de 1980 que a ditadura enfrentaria, decisivamente, a resistência dos trabalhadores contra o arbítrio. Mais de 100 mil pessoas encaram de frente os cerca de 30 mil policiais e os helicópteros da Tropa de Choque, com metralhadoras apontadas, e realizam um dos maiores atos do 1º de Maio até então. A partir daí, ninguém mais conseguiria deter a organização dos trabalhadores, sendo a CUT a grande referência e dirigente das lutas.

1º de Maio com sorteios, prêmios e bingos. O que é isso?!
Evidentemente a burguesia não ficaria passível diante do crescimento da organização dos trabalhadores e da CUT. Ao ver que o descontrole era iminente, sindicalistas formados pelo IADESIL, instituto de formação política bancada pelos norte-americanos e outros institutos, fundam, em 1991, a Central Força Sindical. Durante os terríveis anos de Collor de Mello na presidência de República, essa central sindical cresceu desproporcionalmente à sua representatividade e importância política entre os trabalhadores. Ainda hoje pairam dúvidas sobre a construção do suntuoso prédio que abriga sua sede nacional e outros departamentos no centro de São Paulo, chamado "Palácio do Trabalhador". Desde então, essa central sindical vem desvirtuando absurdamente o significado do 1º de Maio, realizando, à custa de dinheiro público, megaeventos, com distribuição farta de prêmios, sorteios de carros e apartamentos e utilização de mulheres seminuas para atrair a atenção popular."

Sindicato dos Metalúrgicos-Rua Padre Cacique,659. Canela/RS.CEP:95680-000 Fone:(0xx54) 3282 3093